terça-feira, 25 de novembro de 2008

Reflexões sobre o filme Cidadão Kane - Rosebud





“A palavra ‘Rosebud’ surge dos lábios de um homem que morre, sozinho, em sua grande mansão rodeada de imensos jardins e parques. Um noticiário cinematográfico mostra a biografia deste personagem, um poderoso magnata da imprensa norte-americana chamado Charles Foster Kane, e um jornalista recebe a missão de descobrir o significado da enigmática palavra. Para isto entrevista um velho amigo, seu tutor econômico e sua Segunda mulher, os quais reconstróem fragmentariamente algumas das paisagens cruciais de sua biografia. Separado dos seus pais durante a infância, foi educado em Chicago sob a tutela de um mentor que geriu uma fortuna multiplicada a partir da herança de uma mina. Já adulto, Kane adquiriu um pequeno jornal da cidade que, com os resultados de uma linha editorial sensacionalista, assentaria o alicerce de um verdadeiro império jornalístico. As ambições do magnata chegam ao seu ápice com o seu casamento com a filha de um senador que chegará á presidência dos Estados Unidos, porém a sua própria carreira política como aspirante a governador se frustra ao fazer-se pública a sua aventura sentimental com uma cantora de cabaré. Kane tenta transformá-la numa grande cantora de ópera, porém a estréia dela é um fracasso e a crise sentimental estende-se também á ruptura da relação com os seus melhores amigos. Isolado na sua mansão e abandonado por todos, o magnata falece com a palavra “Rosebud” nos lábios. Enquanto os empregados arrumam seus múltiplos objetos pessoais, a câmara mostra a origem deste mistério, que passa desapercebido ao jornalista, mas confere aos olhos do público toda a nostalgia de uma infância perdida que guiou a biografia do protagonista” (http://www.angelfire.com/bug/ape222/CidadaoKane.htm)

Darei início às reflexões sobre Cidadão Kane, analisando um pouco a palavra-chave (ou seria peça-chave?) "Rosebud", que marca o final dessa história, mas faz um link com seu começo.
Inúmeras são as interpretações sobre essa palavra, algumas até absurdas, como o fato de ela remeter ao órgão sexual feminino, mas é justamente isso que caracteriza o meio jornalístico: essa abertura a especulações, a falsas conclusões. Uma notícia é recebida de uma forma por uma determinada pessoa, esta a interpreta erroneamente e a passa adiante para uma outra pessoa até que isso chega ao domínio público e acaba se tornando uma verdade. Trata-se de um verdadeiro telefone sem fio!
Para mim fica bastante evidente o significado de "Rosebud" ao final do filme com o trenó pegando fogo: a infância feliz de Kane ao lado de seus pais, que ele um dia foi forçado a abandonar, passando sua vida inteira tentando recuperá-la e não conseguindo...a única lembrança que tinha dessa época era aquela bola com flocos de neve. Parece algo muito simples e até bobo para um magnata dono de uma riqueza incalculável, mas era justamente a simplicidade, a verdadeira felicidade, o amor e carinho das pessoas, que não faziam parte dessa riqueza, que ele procurava enlouquecidamente.

Outros comentários:
"Como o fio condutor do filme é a palavra “Rosebud” cabe uma discussão inicial sobre esta palavra-chave presente durante toda a trama narrativa. “Rosebud” pode ser exatamente o que o filme nos apresenta, ou seja: “Talvez Rosebud fosse algo que ele não pode ter, ou que perdeu, porém não disse isso a ninguém”. Ora, o que ele perdeu, pode nos levar a pensar sobre a infância interrompida abruptamente, ou a perda do amor materno ainda na juventude. Agora, sobre o que ele não pode ter, pode nos levar a pensar sobre a possibilidade de Orson Welles estar querendo denunciar que a sociedade livre e democrática corria sérios riscos justamente porque Kane queria dominar/manipular a todos e tudo, ficando senhor absoluto do mundo." (http://www.angelfire.com/bug/ape222/CidadaoKane.htm)

"A certa altura, "Rosebud", por exemplo, deixa de ser somente o signo da melancolia de Kane para tornar-se, também, um elemento de conflito, isto é, para materializar-se. Os significados são inúmeros (símbolo da pureza, da infância perdida, do amor e implicações maternas, da regressão, da felicidade etc.) mas o que é, finalmente, Rosebud? Também Welles não intenta decifrá-lo." (http://www.contracampo.com.br/58/olegadodekane.htm)

"Disseram horrores sobre o que significa Rosebud, algumas impublicáveis, como a que se referia ao que a amante de Kane trazia encerrada nas vestes de luxo. Mas a complexidade do enigma é a sua simplicidade: Rosebud é uma palavra, gravada num brinquedo da infância e foi proferida na hora da morte, quando tornou-se uma bolha de vidro que rola pelo chão para ocupar aparentemente a periferia de um drama, quando na verdade é o seu centro oculto e indevassável. Por ser uma palavra que ninguém decifra e não um objeto, Rosebud é a essência de uma impossibilidade: a de o espectador jamais fazer parte do filme que o exclui, mesmo que saia do cinema com a impressão que entendeu do que se tratava. Essa armadilha, a mais genial da história da sétima arte, transformou Orson Welles no mais cultuado cineasta do mundo e fez sua obra-prima ocupar o topo de todas as listas dos melhores filmes de todos os tempos. Rosebud é a palavra que rola junto com o trenó sobre o cenário gelado de um mundo indiferente e só ela tem a chave de uma felicidade para sempre perdida." (http://www.lainsignia.org/2005/febrero/cul_014.htm)

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