terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Comentários finais

Gostaria de registrar aqui minha grande admiração pelo talentoso Orson Welles, criador de uma das obras mais ricas e completas até hoje (levando-se em conta a época em que foi feita e sua pouca idade quando a fez): "Cidadão Kane".
Depois do primeiro contato com ele, ao assisir ao filme, e posteriormente com toda análise feita dessa grande obra para ser apresentada em sala de aula, minha admiração por ele com certeza aumentou ainda mais.
Mas acredito que há quem ame Welles e há quem o odeie também. Percebo que muitos daqueles que o odeiam e o criticam é porque vêem Orson Welles muito superficialmente, considerando-o um zombador, um ser único e exclusivamente irônico. Ele pode até ter usado uma certa ironia para contar suas histórias, mas com uma genialidade muito peculiar.
E para reforçar minhas palavras, destaco aqui o trecho abaixo:

"Muitos diretores foram igualados a deuses durante as suas carreiras, mas poucos conseguiram manter o mito até o fim da vida e após a morte, e Orson Welles foi um deles. Deus ou monstro, Welles revolucionou o cinema mundial, transformando a imagem em algo pragmático, misterioso e ambíguo. Na verdade, ele reinventou a arte de contar histórias através de uma câmera, criando uma linha tênue entre o falso e o verdadeiro, entre o sério e o irônico. Enfim, Welles, o pai do inaudito, compreendia puramente o cinema como forma de expressão artística, um meio de criação ilimitada."

Fonte: http://www.geocities.com/ctbacineclube/diretores/welles.htm

Gostaria também de aproveitar este espaço e agradecer ao Professor Dimas pela proposta da criação do blog pelos seus alunos do curso de Pós-Graduação. Acho que esta é mais uma forma de todos se integrarem ao mundo midiático, mesmo aqueles mais resistentes, os tais apocalípticos. É bem aquela coisa: se não se pode com ele, junta-se a ele. Então, vamos todos conhecer mais desse poder da mídia, que muda a cada instante, e procurar usufruir dele, absorvendo apenas o que há de bom, descartando tudo o que não tem valor algum.

Curiosidades sobre Orson Welles

- É um dos cinco atores que recebeu uma indicação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas na categoria de melhor ator em uma de suas cinco primeiras aparições no cinema.
- Na década de 70, realizou uma sátira a Hollywood chamada "The Other Side of the Wind", estrelada por John Huston e Peter Bogdanovich. As filmagens chegaram a ser concluídas, mas problemas legais e também em sua pós-produção impediram que ele fosse lançado nos cinemas.
- Apesar de toda a sua genialidade retratada e seus filmes, Welles nunca foi o favorito das bilheteiras, lutando sempre para financiar seus filmes. Entre um projeto e outro, fazia papéis carismáticos para outros cineastas, com destaques para o nervoso Mr. Rochester de “Jane Eyre”, dirigido por Robert Stevenson, e o frio Harry Lime de “The Third Man”, dirigido por Carol Reed.
- Seus biógrafos reconhecem que o caminho para a fama, que as portas dos estúdios de Hollywood se abriram por conta da notoriedade que Welles conseguiu com seu trabalho no teatro e no rádio. O reconhecimento e o sucesso no teatro veio com a montagem de Macbeth, somente com atores negros, em Nova York.
- A empreitada promovida pelo titã da imprensa e amigo íntimo dos maiores empresários de Hollywood, William Randolph Hearst, contra o filme e contra Orson; a pouca aceitação por parte do grande público de Cidadão Kane; o fracasso do projeto de It’s All true foram fatores que impediram novos financiamentos, com exceção de A marca da maldade, filme de 1958, ou seja, 17 anos depois de Cidadão Kane. Minada a possibilidade de trabalhar como cineasta, Orson Welles sobreviveu atuando.
- Welles dedicou a sua vida ao mundo do espectáculo, sacrificando muito do seu tempo e a sua vida pessoal para conseguir escrever uma página na história do cinema.
- Apesar de sua reputação como ator e diretor, manteve durante muito tempo sua licença junto a Magician's Union (Sindicato dos Mágicos), além de praticar periodicamente mágicas. De acordo com Welles, assim ele poderia seguir adiante em uma carreira caso fosse impedido de seguir trabalhando no cinema.
- Recusou o convite para dar voz ao personagem Darth Vader em "Guerra nas Estrelas" (1977).
- Possui uma estrela na Calçada da Fama, localizada em 1600 Vine Street.
- Casou-se três vezes: com Virginia Nicholson (14/11/1934 a 01/02/1940), com quem teve um filho, Christopher, nascido em 1937; em seguida, com a bela Rita Hayworth (07/09/1943 a 01/12/1948), com quem teve uma filha, Rebecca, nascida em 1944; e, finalmente, com Paola Mori (08/05/1955 a 10/10/1985, quando faleceu), com quem teve uma filha, Beatrice, nascida em 1955.

Fonte:
http://www.adorocinema.com.br/personalidades/atores/orson-welles/corpo.asp
http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_1171.html
http://cultura.portaldomovimento.com/orson_wells.html
http://www.uem.br/cinuem/index.php?option=com_content&task=view&id=34&Itemid=29

sábado, 29 de novembro de 2008

Um pouco mais sobre George Orson Welles...

Filmografia







1934 - Hearts of age (curta-metragem)
1938 - Two much Johnson (curta-metragem)
1940 - Swiss family Robinson (voz)
1941 - Cidadão Kane (Citizen Kane)
1942 - Jornada do pavor (Journey into fear)
1942 - Soberba (Magnificent Ambersons, The) (voz)
1944 - Jane Eyre (Jane Eyre)
1946 - Duelo ao sol (Duel in the sun) (voz)
1946 - O amanhã é eterno (Tomorrow is forever)
1946 - O estranho (Stranger, The)
1947 - A dama de Shanghai (Lady from Shanghai, The)
1948 - Macbeth - Reinado de sangue (Macbeth)
1949 - Memórias de um mágico (Black magic)
1949 - O favorito dos Bórgias (Prince of foxes)
1949 - O terceiro homem (Third man, The)
1950 - A rosa negra (Black rose, The)
1951 - Le petit monde de Don Camillo (voz)
1952 - Othello (Tragedy of Othello: The moor of Venice, The)
1952 - Trent's last case
1953 - King Lear (TV)
1953 - L'uomo, la bestia e la virtù
1953 - O vale da esperança (Trouble in the Glen)
1954 - Se Versailles falasse (Si Versailles m'était conté)
1955 - Grilhões do passado (Mr. Arkadin)
1955 - Moby Dick rehearsed (TV)
1955 - Napoleón
1955 - Três casos de assassinato (Three cases of murder)
1956 - Moby Dick (Moby Dick)
1956 - Orson Welles and people (TV)
1957 - A soldo do diabo (Man in the shadow)
1958 - A marca da maldade (Touch of evil)
1958 - Fountain of youth, The (TV)
1958 - O mercador de almas (Long, hot summer, The)
1958 - Raízes do céu (Roots of heaven, The)
1958 - Vikings, os conquistadores (Vikings, The) (voz)
1959 - Estranha compulsão (Compulsion)
1959 - High journey
1959 - O proscrito de Hong Kong (Ferry to Hong Kong)
1960 - Com sangue se escreve a história (Austerlitz)
1960 - David e Golia
1960 - Tragédia no espelho (Crack in the mirror)
1961 - Epopéia de bravos (Lafayette)
1961 - O rei dos reis (King of kings) (voz)
1961 - Os bravos tártaros (I Tartari)
1962 - Laviamoci il cervello
1962 - O processo (Le pròces)
1963 - Gente muito importante (V.I.P.s, The)
1965 - Campanadas a medianoche
1965 - Marco the magnificent
1966 - O homem que não vendeu sua alma (A man for all seasons)
1966 - Paris está em chamas? (Paris brûle-t-il?)
1967 - A tragédia de um rei (Oedipus the king)
1967 - Cassino Royale (Casino Royale)
1967 - Depois que tudo terminou (I'll never forget what's'isname)
1967 - Marinheiro de Gibraltar (Sailor from Gibraltar, The)
1968 - História imortal (Immortal story, The)
1968 - House of cards
1968 - O último romano (Der Kampf un Rom)
1968 - Tepepa... Viva la revolución
1968 - Vienna
1969 - Bitka na neretvi
1969 - Kampf un Rom II - Der verrat
1969 - Merchant of Venice, The (TV)
1969 - Southern star, The
1969 - Una su 13
1970 - Ardil 22 (Catch-22)
1970 - Carta ao Kremlin (Kremlin letter, The)
1970 - Deep, The
1970 - Is it always right to be right? (voz)
1970 - Start the revolution without me (voz)
1970 - Upon this rock (TV)
1970 - Waterloo (Waterloo)
1971 - A safe place
1971 - London
1971 - Malpertuis - Estranhas fantasias (Malpertuis: Histoire d'une maison maudite)
1972 - La décade prodigieuse
1972 - Man who came to dinner, The (TV)
1972 - O feiticeiro (Necromancy)
1972 - O homem de duas vidas (Get to know your rabbit)
1972 - Piratas da ilha do tesouro (Treasure island)
1974 - And then there were none (voz)
1975 - O último dos dez (Rikki-Tikki-Tavi) (TV) (voz)
1976 - A viagem dos condenados (Voyage of the damned)
1977 - Il grande attacco (narrador)
1977 - It happened one Christmas (TV)
1977 - Rime of the ancient mariner (voz)
1977 - Some call it greed (voz)
1978 - A woman called Moses (TV) (voz)
1978 - Hot tomorrows (voz)
1978 - Tut: The boy king (TV)
1979 - Double McGuffin, The (voz)
1979 - Muppet movie, The
1980 - Shogun (TV)
1980 - Tajna Nikole Tesle
1981 - História do Mundo - Parte 1 (History of the World: Parte I) (voz - narrador)
1982 - Baryshnikov in Hollywood (TV)
1982 - Butterfly
1982 - Slapstick (of another kind) (voz)
1983 - Hot money
1983 - Where is Parsifal?
1984 - Enchanted journy (voz)
1984 - Spirited of Charles Lindbergh, The
1986 - Transformers - O filme (Transformers: The movie) (voz)
1987 - Someone to love

Prêmios



- 2 indicações ao Oscar de Melhor Filme, por "Cidadão Kane" (1941) e "Soberba" (1942).
- 1 indicação ao Oscar de Melhor Diretor, por "Cidadão Kane" (1941).
- 1 indicação ao Oscar de Melhor Ator, por "Cidadão Kane" (1941).
- Oscar de Melhor Roteiro Original, por "Cidadão Kane" (1941).
- Grande Prêmio do Júri, no Festival de Cannes, por "Othello" (1952).
- Prêmio de Melhor Ator, no Festival de Cannes, por "Estranha Compulsão" (1959).
- 1 indicação ao BAFTA de Melhor Ator Estrangeiro, por "Campanadas a Medianoche" (1965).
- Prêmio Técnico do Júri, no Festival de Cannes, por "Campanadas a Medianoche" (1965).
- Leão de Ouro honorário em 1970, concedido pela organização do Festival de Veneza em homenagem à sua carreira no cinema.
- Oscar honorário em 1971, concedido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

A vida de George Orson Welles

Orson Welles nasceu em 6 de maio de 1915 em Kenosha, no Wisconsin, EUA e morreu de ataque cardíaco aos 70 anos em 10 de outubro de 1985 na Califórnia, EUA.
Welles ficou órfão muito cedo, a sua mãe, Beatrice Ives Welles (famosa pianista), morreu quando ele tinha apenas 9 anos, e seu pai, Richard Head Welles (inventor), faleceu uns anos mais tarde, quando Welles tinha 15 anos. Quando seu pai morreu, decidiu abandonar a escola de artes que frequentava para se dedicar à representação.

Fonte: http://portalcinema.blogspot.com/2008/06/biografia-orson-welles.html



A notícia de que marcianos haviam chegado à Terra e estavam em Nova Jersey foi transmitida com imenso realismo pela rádio CBS no dia 1º de novembro de 1938 (Halloween). Milhares de pessoas entraram em pânico e começaram a fugir de suas casas ao ouvir os boletins, narrados por Orson Welles. Tudo não passava de pura brincadeira, a leitura dramatizada do texto de "A Guerra dos Mundos", um clássico da ficção científica de H.G. Wells.

A repercussão do evento foi tão grande que, logo a seguir, Orson Welles fechou um contrato milionário com Hollywood para fazer dois filmes, com total liberdade para produzir, escrever os roteiros, dirigir e atuar. (assinou o maior contrato da história até então: 150 mil dólares anuais)

Mesmo tendo dirigido apenas 27 filmes entre os 113 que compõem sua obra, também como ator, roteirista, montador e produtor, George Orson Welles conseguiu inspirar um grande número de admiradores a se tornar diretores de cinema.

Aos 18 anos, Welles já era um ator famoso no teatro experimental. Um ano depois fez sua estréia na Broadway na montagem de "Romeu e Julieta". Logo se tornou amigo do diretor e produtor John Houseman, para quem fez algumas colaborações.

Foi Houseman quem o levou a participar do New York Federal Theatre Project, onde estreou sua primeira montagem na produção e direção (a versão de "Macbeth", de Shakespeare, encenada no Harlem). Da parceira de Welles com Houseman nasceu a companhia Mercury Theatre. Foram vários projetos, destacando-se ''Julio Cesar'', de 1937, em que Welles escreveu o roteiro e ambientou a história na Itália fascista.

O nome de Orson Welles entrou para a antologia das comunicações no ano seguinte com a transmissão da notícia da chegada dos extraterrestres. Mas o que o colocou entre os grandes diretores foi o filme ''Cidadão Kane'', de 1941. Aos 25 anos, Orson Welles revolucionou as técnicas de filmagem com recursos até então inexploradas como profundidade de campo, ação entrecortada num mesmo ambiente, planos longos, movimentos de câmera e edição rápida. O resultado foi uma obra-prima, considerada unanimemente pelos especialistas um dos melhores filmes de todos os tempos, senão o melhor.

Porém, com o sucesso, vieram os problemas. O diretor foi acusado de basear-se na vida de William Randolph Hearst, um dos mais poderosos homens da época e que por 40 anos foi o maior magnata das comunicações nos Estados Unidos. O próprio Hearst encabeçou a campanha contra Welles e seu filme. Chegou-se a cogitar um valor para que fossem destruídos os negativos e todas as cópias.

Felizmente isso não ocorreu, mas apesar de o público e a crítica terem aceitado ''Cidadão Kane'', o filme deu prejuízo no início. Somente nos relançamentos, ao transformar-se num clássico, começou a render dinheiro. Em seu segundo filme, ''Soberba'' (1942), Welles decidiu expor sua visão da sociedade americana. Utilizou praticamente os mesmos recursos técnicos que havia em ''Cidadão Kane''. Assim que concluiu as filmagens, veio ao Brasil para rodar o documentário ''É Tudo Verdade'' .Enquanto isso, nos Estados Unidos, os executivos da RKO decidiram editar ''Soberba'', cortando 43 minutos do original.

Ao retornar, o diretor ficou furioso, mas ainda supervisionou ''Jornada do Pavor'' (1942), e assinou a direção ao lado de Norman Foster. ''Soberba'' foi um fracasso comercial, e Welles e sua equipe foram demitidos.

O reconhecimento da genialidade de Welles só aconteceu muito mais tarde. ''Cidadão Kane'' ganhou o Oscar de melhor roteiro e Welles, em 1970, recebeu um Oscar honorário pelo conjunto da obra. Welles em toda a sua carreira envolveu-se em projetos diversos e fez tudo para conseguir produzir seus filmes, o que nem sempre era possível. Muitos de seus projetos permaneceram inacabados, como ''It's All True'' (É Tudo Verdade), e ''Don Quixote'', filme em que Welles trabalhou durante dez anos.

Fonte: http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u510.jhtm

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Reflexões sobre o filme Cidadão Kane - Rosebud





“A palavra ‘Rosebud’ surge dos lábios de um homem que morre, sozinho, em sua grande mansão rodeada de imensos jardins e parques. Um noticiário cinematográfico mostra a biografia deste personagem, um poderoso magnata da imprensa norte-americana chamado Charles Foster Kane, e um jornalista recebe a missão de descobrir o significado da enigmática palavra. Para isto entrevista um velho amigo, seu tutor econômico e sua Segunda mulher, os quais reconstróem fragmentariamente algumas das paisagens cruciais de sua biografia. Separado dos seus pais durante a infância, foi educado em Chicago sob a tutela de um mentor que geriu uma fortuna multiplicada a partir da herança de uma mina. Já adulto, Kane adquiriu um pequeno jornal da cidade que, com os resultados de uma linha editorial sensacionalista, assentaria o alicerce de um verdadeiro império jornalístico. As ambições do magnata chegam ao seu ápice com o seu casamento com a filha de um senador que chegará á presidência dos Estados Unidos, porém a sua própria carreira política como aspirante a governador se frustra ao fazer-se pública a sua aventura sentimental com uma cantora de cabaré. Kane tenta transformá-la numa grande cantora de ópera, porém a estréia dela é um fracasso e a crise sentimental estende-se também á ruptura da relação com os seus melhores amigos. Isolado na sua mansão e abandonado por todos, o magnata falece com a palavra “Rosebud” nos lábios. Enquanto os empregados arrumam seus múltiplos objetos pessoais, a câmara mostra a origem deste mistério, que passa desapercebido ao jornalista, mas confere aos olhos do público toda a nostalgia de uma infância perdida que guiou a biografia do protagonista” (http://www.angelfire.com/bug/ape222/CidadaoKane.htm)

Darei início às reflexões sobre Cidadão Kane, analisando um pouco a palavra-chave (ou seria peça-chave?) "Rosebud", que marca o final dessa história, mas faz um link com seu começo.
Inúmeras são as interpretações sobre essa palavra, algumas até absurdas, como o fato de ela remeter ao órgão sexual feminino, mas é justamente isso que caracteriza o meio jornalístico: essa abertura a especulações, a falsas conclusões. Uma notícia é recebida de uma forma por uma determinada pessoa, esta a interpreta erroneamente e a passa adiante para uma outra pessoa até que isso chega ao domínio público e acaba se tornando uma verdade. Trata-se de um verdadeiro telefone sem fio!
Para mim fica bastante evidente o significado de "Rosebud" ao final do filme com o trenó pegando fogo: a infância feliz de Kane ao lado de seus pais, que ele um dia foi forçado a abandonar, passando sua vida inteira tentando recuperá-la e não conseguindo...a única lembrança que tinha dessa época era aquela bola com flocos de neve. Parece algo muito simples e até bobo para um magnata dono de uma riqueza incalculável, mas era justamente a simplicidade, a verdadeira felicidade, o amor e carinho das pessoas, que não faziam parte dessa riqueza, que ele procurava enlouquecidamente.

Outros comentários:
"Como o fio condutor do filme é a palavra “Rosebud” cabe uma discussão inicial sobre esta palavra-chave presente durante toda a trama narrativa. “Rosebud” pode ser exatamente o que o filme nos apresenta, ou seja: “Talvez Rosebud fosse algo que ele não pode ter, ou que perdeu, porém não disse isso a ninguém”. Ora, o que ele perdeu, pode nos levar a pensar sobre a infância interrompida abruptamente, ou a perda do amor materno ainda na juventude. Agora, sobre o que ele não pode ter, pode nos levar a pensar sobre a possibilidade de Orson Welles estar querendo denunciar que a sociedade livre e democrática corria sérios riscos justamente porque Kane queria dominar/manipular a todos e tudo, ficando senhor absoluto do mundo." (http://www.angelfire.com/bug/ape222/CidadaoKane.htm)

"A certa altura, "Rosebud", por exemplo, deixa de ser somente o signo da melancolia de Kane para tornar-se, também, um elemento de conflito, isto é, para materializar-se. Os significados são inúmeros (símbolo da pureza, da infância perdida, do amor e implicações maternas, da regressão, da felicidade etc.) mas o que é, finalmente, Rosebud? Também Welles não intenta decifrá-lo." (http://www.contracampo.com.br/58/olegadodekane.htm)

"Disseram horrores sobre o que significa Rosebud, algumas impublicáveis, como a que se referia ao que a amante de Kane trazia encerrada nas vestes de luxo. Mas a complexidade do enigma é a sua simplicidade: Rosebud é uma palavra, gravada num brinquedo da infância e foi proferida na hora da morte, quando tornou-se uma bolha de vidro que rola pelo chão para ocupar aparentemente a periferia de um drama, quando na verdade é o seu centro oculto e indevassável. Por ser uma palavra que ninguém decifra e não um objeto, Rosebud é a essência de uma impossibilidade: a de o espectador jamais fazer parte do filme que o exclui, mesmo que saia do cinema com a impressão que entendeu do que se tratava. Essa armadilha, a mais genial da história da sétima arte, transformou Orson Welles no mais cultuado cineasta do mundo e fez sua obra-prima ocupar o topo de todas as listas dos melhores filmes de todos os tempos. Rosebud é a palavra que rola junto com o trenó sobre o cenário gelado de um mundo indiferente e só ela tem a chave de uma felicidade para sempre perdida." (http://www.lainsignia.org/2005/febrero/cul_014.htm)

Cidadão Kane - O Filme



A história conta como o repórter Thompson (Joseph Cotten) reconstitui a trajetória do empresário da imprensa Charles Foster Kane (Welles), buscando decifrar o significado de sua última palavra no leito de morte: "rosebud". A morte de Kane comovera a nação e descobrir o porquê daquela palavra se torna uma obsessão para o jornalista, que acredita poder encontrar nela a chave do significado daquela vida atribulada.

O repórter entrevista, então, as pessoas próximas ao figurão. Um emaranhado de informações vai se costurando à frente dos olhos do espectador, desde a infância pobre, revelando um Kane por vezes perturbado, mas sempre ambicioso. Essa multiplicidade de fontes usadas pelo repórter cria um conjunto de perspectivas diferentes, funcionando como peças do quebracabeças que os espectadores vão montando.

Kane herda uma fortuna e deixa de viver com os pais para ser criado por um banqueiro, Walter Parks Thatcher (George Coulouris). Dentre todos os negócios que passam às suas mãos na maioridade, resolve dedicar se a um dos menos rentáveis: um jornal convencional e pouco influente.

Atraindo as estrelas dos veículos concorrentes com salários maiores e praticando um jornalismo agressivo (que freqüentemente descamba para o sensacionalismo), Kane consegue sucesso como homem de mídia, criando uma reputação de campeão dos pobres e oprimidos. Tenta carreira na política, concorrendo a governador como candidato independente; quando parece ter a vitória nas mãos, um escândalo provoca sua derrota. Depois de dois casamentos fracassados, passa seus últimos dias sozinho no palácio que construiu e para o qual levou tudo que o dinheiro podia comprar desde obras de arte de valor inestimável até os animais mais exóticos do planeta.

O filme faz uso de flashbacks, sombras, tem longas seqüências sem cortes, mostra tomadas de baixo para cima, distorce imagens para aumentar a carga dramática; a iluminação é pouco convencional, o foco transita do primeiro plano para o background, os diálogos são sobrepostos e os closes usados com contenção. Revolucionário.

O personagem central vai, aos poucos, perdendo suas virtudes e aumentando seus defeitos. Pode ser visto retrospectivamente como alguém amargo, sombrio, arrogante, manipulador, cruel e impiedoso. Sua trajetória, no entanto, encerra muito do sonho americano: idealismo, espírito de iniciativa, fama, dinheiro, poder, mulheres, imortalidade.

O óbvio paralelo de Kane (e seu Inquirer) com Hearst (e seu Examiner) gerou controvérsias e pressões para impedir a montagem e exibição do filme. As similaridades são muitas: Kane construiu um palácio extravagante na Flórida, Hearst tinha um em San Simeon; o personagem teve um caso com uma cantora sem talento, Susan Alexander (Dorothy Comingore), lembrando o que Hearst teve com a jovem atriz Marion Davies. Enquanto o magnata da vida real comprou o estúdio Cosmopolitan Pictures para promover o estrelato de Davies, Kane comprou para Susan um teatro. Entretanto, enquanto Hearst nasceu rico, Kane era filho de uma família humilde.

Fonte: http://www.webcine.com.br/filmessc/cidakane.htm

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Reflexões Pós-Mini Seminário



O webjornalismo caracteriza-se pela sua brevidade, matérias curtas, com linguagem mais direta, pois os leitores querem ver isso, já que vivem em uma época em que o tempo é algo precioso e por isso deve ser preservado. Eles procuram matérias que transmitam a mensagem essencial, sem aprofundamento, sem muitos detalhes, apenas para ficarem interados do que está acontecendo ao seu redor.
Os portais e sites de notícias acabam sendo superficiais porque os leitores hoje, na sua maioria, não buscam profundidade nas informações, o tempo não os permite. A velocidade aqui é a peça fundamental que une o meio online ao receptor, e a veracidade, devido à pressa do dia-a-dia, acaba ficando em segundo plano.